terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Permissão para sentir e expressar plenamente os efeitos das artes

Por que nos permitimos perder a cabeça com coisas tão banais? Uma saída que não deu certo, uma pessoa que não fez o que esperávamos. Por que nos deixamos aflingir com algo que podemos evitar? Minha reação a frustração da noite de karaokê foi sem sentido. Eu realmente me cansei de esperar sempre um posicionamento dos outros. Por outro lado, eu tinha companhia, mas não quis ir apenas com essa pessoa, pois estou tentando evitar momentos muito íntimos. Meu enfoque agora é trabalhar nosso relacionamento no meio de mais gente, o que é realmente um desavio para mim,  visto que só apresentei um parceiro meu aos meus amigos.

Ao mesmo tempo, eu soube que teria companhias além dele, porém eu já estava tão desgastada com aquela espera e insistência para meus amigos participarem de algo divertido que abandonei todos. Fiz meu extravasamento em casa sozinha, com jazz e samba só de calcinha e sutiã. Não precisei de álcool para ficar alterada, o conjunto música e dança causa esse efeito por si só. Me senti livre, dançando só para mim sem se importar se os movimentos estavam desconexos com a letra da música ou se eu me excedia um pouco além do ritmo. Todos precisavam ter um momento desses ao menos uma vez por semana. É revigorante. Eu devia fazer isso todo dia! Mas não é todo dia que deixo minha criança saltar por aí, principalmente quando meu pai está acordado perambulando pela casa e podendo abrir a porta do meu santuário a qualquer momento sem aviso prévio. Isso seria desconfortante, afinal essa atitude não pode ser explicada verbalmente. Ela só existe, sem motivo nem desculpa. É algo puro e interpretá-la seria uma tremenda grosseria. Assim como a arte. A arte é feita para não ser verbalizada, mas para ser sentida com todas as nossas células corporais e acordar sensações inesperadas e diferentes em cada um dos seres humanos que entram em contato com ela. Por isso cada um tem um jeito de dançar uma mesma música e tentar imitar alguém subitamente se mostra desconcertante. Claro, não sabemos como aquela música está afetando a pessoa. É possível entrar em harmonia durante a música, mas uma dança igual sempre causará desconforto. A sincronia engessa a espontaneidade e reprime a verdadeira reação que a música desperta em cada indivíduo.

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